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Mariana Mariotto

'Close' e os contrastes da perda

Não é a primeira vez que o diretor belga Lukas Dhont explora o mundo infanto-juvenil com tanta sensibilidade. Após Headlong (2012) e Girl (2018), Close (2022) retrata a forte amizade entre Leo (Eden Dambrine) e Remi (Gustav De Waele), que inicialmente possuem uma relação extremamente afetuosa. Tudo muda quando são questionados pelos colegas da escola sobre um possível romance entre os dois.


Ao passo que Remi parece não se importar, Leo não lida da melhor maneira com os comentários dos colegas. Passa a existir no personagem um claro movimento de negação em relação ao carinho e troca que possuía com o melhor amigo. Algo que naturalmente existia entre os dois passa a ser, para Leo, motivo de vergonha e incômodo. Ele então se afasta de Remi.


O filme é uma caixa de surpresas para qualquer um que assiste, independentemente de suas expectativas. Os contrastes adotados ao longo da narrativa foram muito bem construídos e agregaram significado e sentimento para cada uma das cenas, sem exceção. Os estágios do luto, os tropeços entre a negação e a aceitação são cada vez mais nítidos. Com a delicada e atenta fotografia do holandês Frank van den Eeden, as imagens paisagísiticas do local em que a história acontece nos ajudam a entender, simultaneamente, a passagem do tempo e os sentimentos internos de Leo em relação ao luto.


Close é sim um filme sobre homofobia e os diversos sentimentos que a autoaceitação provoca, mas é, sobretudo, um filme sobre pertencimento, perda e culpa. E Lukas Dhont fez questão de nos lembrar que cada um lida com o luto de forma única. Com um final emocionante, as flores vermelhas e cor-de-rosa voltam a crescer no terreno da família de Leo e ele corre por dentre os campos, lembrando, mais uma vez, da tão discreta, graciosa e saudosa presença de Remi.



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